terça-feira, 2 de novembro de 2010

Tontura de manhã.




Acordei naquele dia com a sensação de criança depois de apanhar da mãe
Lágrimas já jogadas, desolamento.
Algo como corpo doído e coração cansado,
Algo como tristeza sem sentido.
Não havia ninguém em casa, somente a minha figura doente,
como um degenerado em fase terminal da doença,
até mesmo os pés pesavam ao se colocarem no chão.
Peguei o café e o pão e debrucei-me frente à mesa tentando fixar-me ali, no café da manhã
"Esquecer, fingir, fugir" - eu pensava.
Amanheceu escuro ou a minha visão não via nada além de nuances nubladas?
Pingos de lágrimas no chão,na janela, ao redor, como cascatas imaginárias...
Acendi o cigarro para contemplar a fumaça se dissipando no ar
desejando desvancer como ela
desejando que ela levasse tudo que ardia no peito.
Eu lembrei do sonho que andei tendo,
cheio de palavras, cheio de êxtase ,cheio de ilusão
andei por todo esse tempo caminhando num surrealismo gelatinoso, quebrável, escorreguei, caí...sozinha da torre escorregadia do delírio,
sem pensar que, no final da linha haveria a porta do ACORDAR.
O Café estava se misturando ao amargo da boca que acabara de despertar do sonho
"Era pra ser doce como antes, no café da manhã daquele dia em que eu não estava sozinha"
Na minha pele áspera agora havia um estranho tremor, frio na barriga da criança que espera apanhar mais, até queimar a pele.
Parecia inverno, mas era verão,
eu via gotas, mas não era chuva.
O Sol estava lá, eu não conseguia ver.
Tomei o último gole do café como quem deseja incendiar todos os poros do corpo, congelados no medo.
Então eu me virei para o espelho do quarto e vi a imagem do eu-real>
Não era bela, nem digna, nem brilhava.
Era deprimente, débil, torta.
A Imagem do eu-real após ter acordado do sonho, não havia brilho,nem vontade ou confiança
Então joguei-me novamente na cama e fechei os olhos com a esperança de sonhar de novo e não acordar mais.
Os olhos se abriram e tudo estava ali, bem na frente, e ao menos que me matem ou me segurem até que eu durma e sinta tudo novamente na espera da harmonia,
continuarei na tormenta dos olhos encharcados no terror do quarto vazio.
"Agora tomo o remédio que você tão (in)sensivelmente me recomendou, como se quisesse dizer 'durma e guarde suas fraquezas'. Durmo e dormirei o dia inteiro e amanhã também me afundando no vazio de sonho nenhum"
(Li SoMahr)

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