domingo, 21 de fevereiro de 2010

A árvore sábia e o pequeno duende.

Alguma vez voces brincaram de completar histórias? Aquela brincadeira em que alguem começa um parágrafo e o outro termina?
Pois é, fiz isso há uns dois meses, e foi bastante divertido.Me sentei, com uma pessoa doce ao meu lado, e escrevemos uma história, uma espécie de conto,fábula...dos tipos que adorávamos quando criança e adoramos até hoje. Engraçado como o desenrolar deu-se em sincronia...e eu realmente decidi que postaria aqui, apesar de achar que poucos a entenderiam.
Coincidentemente, desde semana passada,estou lendo os Contos dos Irmãos Grimm, porque eu realmente adoro histórias infantis e resolvi apreciá-las novamente,depois de tanto tempo.São tão doces,tão simples e sempre com siginificados realmente preciosos por detrás das palavras. Talvez eu poste um dos contos dos Grimm mais tarde aqui, mas por enquanto, eu deixo aqui a história, criada por quatro mãos, na verdade duas. A minha e da outra pessoa doce :)
[Perdoem os erros, eu digito muito rápido e nunca edito rs...]

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A árvore sábia e o pequeno duende.

Era uma vez uma árvore, que não possuía folhas,apenas galhos secos e vivia numa floresta escura e não habitada,logo ninguém queria ficar perto dela,até que um dia apareceu um duende, com suas vestimentas verdes-cintilantes e sua aparencia pureil, ele então lhe perguntou:
-Ó velha árvore,fria e rabugenta,não percebes que já morrestes? porque ainda te sustentas?
E então, a árvore lhe disse
-ó Filhinho, voce precisa entender como se marca lugares nesse mundo,e então saberá como se vive ainda que se esteja morto.
-É só disso que te serves? Da morte em vida? Veja ao ser redor, os frutos nas outras árvores,só voce nunca em vida se frutificou...és tão sozinha e amarga que todas as folhas caíram e ainda resiste em padecer aqui.És forte,mas eu sei, és apodrecida inteiramente!
-Rá Rá! Depende de como enxergas o apodrecimento,meu caro. Para mim,todas as outras árvores e seus frutos é que estão apodrecidos...Vamos, vá até lá e coma alguma coisa! Não há gosto algum - Respondeu a imponente árvore.
O duende aborrecido entãao chamou dois de seus amigos pra que comessem os frutos.Mal conseguia conter o riso ao ver a cara de desagrado ao comerem os frutos das árvores vizinhas, estragados...apodrecidos.
Então o duende voltou até aquela árvore e disse:
Tens razão,ó velha árvore! Está tudo apodrecido ao teu redor. Do que adianta belas maçãs, se os bichos desse mundo as estragam por completo?
-Então duende pequenino-ela respondeu- Tu precisavas ver e assim sentir por si só como funciona a aparencia das coisasnesse mundo. Aqueles frutos, na verdade eram o que seus olhos queriam ver,pois a superficialidade daquelas árvores enganam verdadeiramente o teu sentir.Se tentares me sentir da mesma forma,talvez não consigas, uma vez que estás acostumado a enxergar o que te enganas.
O Pobre duendezinho, confuso e sozinho no meio da floresta resolveu voltar à sua casa.
No outro dia,ao amanhecer,a árvore sentiu algo incomodando-lhe lá embaixo,perto de suas raízes...
O duende tinha cavado tanto e se emaranhado nas raízes da velha árvore,quando voltou à superfície a chamou:
-Ei,arvorezona! Eu ainda estou aqui! Acordei tão cedo pra cavar este buraco que me levou as suas raízes! Que bonitas são e tão grandes...Uma árvore cheia de raízes é uma árvore de histórias a contar...
A árvore apenas sorriu.
O duende então calou-se contemplando-a.
Logo após o sorriso, a árvore disse:
-E então, meu querido duende, agora entendes?
O duende sorriu para ela e disse:
-Creio que agora eu consigo sentir...mas me pergunto se somente isso é necessário...
A arvorezona virou seriamente:
-É,necessidade é algo que só a sua individualidade pode afirmar.Aliás depende bastante de como sentes as coisas.O medo e as aparencias ainda te ameaçam?
-Que medo? hahahahahaha -ele respondeu subitamente- Medo?, ó senhora, eu sou um duende! Esse tal de medo pertence aos humanos que por sempre perderem para o medo,jamais passam por essa floresta encantada! Eu sou totalmente destemido! Eu sou corajoso! E é por isso que cá estou!
O duende em sua espécie de esperteza então pegou o seu pequeno canivete e cortou a árvore,assustando-a levemente.
-Vês agora porque estou aqui? Sempre soube que não era apodrecida! Veja como é verde,por dentro! Cheia de uma vida interior que as cascas podres não deixam aparecer! Estás cheias de feridas,é verdade,mas como não as teria se és tão alta e tudo vês! A tua vida está exatamente em teu apodrecimento.
A árvore então olhou para aquele duende com olhos de admiração,admirava-se da real esperteza daquele pequenino,ao enxergar que a sua existência era o que guardava interiormente,além da aparência mórbida de uma árvore apodrecida.
-Então, viestes conhecer-me?
-Mais do que isso! Vim dizer-lhe que já lhe conheço!
-Realmente,percebo que tens razão,na verdade deve ser isso mesmo...Saves que os galhos secos e a falta de frutos são por opção minha e na verdade disseste que eu tenho vida verde. Se realmente me conheces, diga-me o que sinto!
A árovre então olhou para o duende com uma cara ameaçadora.
-Rá Rá Rá Rá! Dizer a ti o que tu sentes? Tu és louca! Só mesmo se tu me colocares bem aí no alto,pois sou pequeno e não alcanço.O teu sentir vem daí,do que enxergas aí no alto.Só conheço a tuas raízes,que me dizem o quanto és forte! Deize de ser boba,arvorezona,deixe de ser boba...jamais poderei dizer como realmente te sentes se eu não chegar aí no alto.
O duende parou um instante e então sentou-se ali.Adormeceu naquele lugar embaixo da árvore e no outro dia acordou.
-Bom dia,Dona Árvore!
-Bom dia, duendezinho! Como estás?
Preciso te dizer,logo de manhã cedo, que eu necessariamente não necessito ir te buscar aí embaixo para saberes o que se enxerga aqui em cima! Mas na verdade, eu realmente queria que me dissesse exatamente isso. agora eu vou deixar que percebas que além das raízes e do alto, existe puramente uma outra realidade e eu sei que tu sabes disso!
O Duende então sentou ao lado da árvore e continuou a contemplá-la enquanto ela fazia o mesmo.
E ele então parou e disse:
-Sabe Dona Árvore,não queria que dormisse tanto,assim eu podeira dizer-lhe no exato momento como me senti verdadeiramente,quase caindo,ao chegar lá no alto.Percebi então, o que há de belo em contemplar o vento batendo lá em cima,tantas luzes distantes e tanta solidão. É o que há de verdadeiramente belo em existir,além de tudo que é fugaz e pequeno.Entre o contemplar da natureza e o enxergar as cores mortas,eu percebo como o teu sentir é denso,vendo que sentir tão completamente é apodrecedor,ainda que te traga a infinitude de ser verdadeiramente o que és.
A Árvore,tão bela respondeu:
-És realmente esperto duendezinho! Além disso,és realmente sensível!
-És realmente magnífica,arvorezona!
Ela então ainda não sabia,mas aquele duende é que estava estragado,doente,quase a morrer.Ambos permaneceram ali,um ao lado do outro,contando histórias sobre o que viam e como sentiam a natureza que lhes concedeu,até o amanhecer,todos os dias...até que o pequeno duende adormeceu para sempre.

Essa história é para aqueles que acreditam numa existencia de galhos altos,cascas apodrecidas, e muitas,muitas raízes,prontas para romperem-se ou para fixarem-se na compreensão do existir.
:)

E a fotografia é do jerry Uelsmann. Um dos fotógrafos mais impressionantes que já vi!

4 comentários:

Unknown disse...

http://meuportfoliodebolso.blogspot.com

Anônimo disse...

"Caracolis"!
Este conto é extremamente ótimo!
E novamente me identifiquei muuito!
Poxa, estava asioso,vim aki inumeras vezes e n tinha atualizaç~es.

Adoro muito o seu blog!

Eu gosto muito deste que escreveu
(A leitura da existência), mas na verdade, este é apenas um de muitos. =)

Bom, até mais e obrigado!
=*

*¿*
\~/

Calli disse...

ahh obrigada! Que bom que vc gostou, mesmo
rs...
;*

Unknown disse...

calli...
não tenho nada de tão bom pra comentar aqui...
na verdade tenho, mas não preciso, tu já sabes ;)

mas eu gostei muito, muito mesmo. vou ler pro meu filho [pra mim, antes] ^^